O meu testamento

O MEU TESTAMENTO:
Quando eu morrer vou ao ombro
Levem-me devagarinho
Podem dar-me algum tombo
Que me matem no caminho

Eu quero morrer cantando
Já que chorando nasci
A cantar lá vou andando
Lembrando-me sempre de ti

Não quero que chores nem rezes
Quero que também concordes
Não faças barulho, por vezes
Estou a dormir não me acordes

Já conheço esse caminho
Vou assim de olhos fechados
Comigo vai um anjinho
A quem revelo os meus pecados

Quero levar uma caneta
E um papel para escrever
Continuo a ser poeta
Mesmo depois de morrer.
Mário Pão-Mole

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