A idade e os amores - Mário Pão-Mole

A idade e os amores

Até aos dezoito não se ama
É só a sofreguidão
Pois só se pensa na cama
Com amor de perdição
Em todo o tempo a pensar
Que temos muito que sofrer
Se esse amor acabar
Nós também vamos morrer

Aos vinte e cinco o pensar
Já tem outra animação
Se este for e não voltar
Vou conceder-lhe o perdão

A seguir aos vinte e cinco
Pensamos no casamento
As preocupações que sinto
Não saem do pensamento

Isto é para a vida inteira
Tenho muito que pensar
Será que faço asneira
Com esta pessoa casar?

Aos quarenta já se ama
Se por acaso acertámos
O entendimento dá chama
Ao amor que encontrámos

Aos sessenta amor sincero
Sem a atracção carnal
Sem fazer disto mistério
Uma por semana é normal

Aos setenta continua
E só vais lá quando calha
Quando a agarras toda nua
Ela grita! Seu canalha

Aos noventa já só há
Aquele amor de uma vida
Tu podes cair, vê lá
Segura-te a mim querida
Mário Pão-Mole,

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