O cato e o amor


Quanto mais linda a flor
Mais agreste são os espinhos
Faz lembrar aquele amor
Que parecem dois pombinhos

Só dura a flor mimosa
Enquanto são namorados
Saída da igreja airosa
Chegam a casa zangados

Ontem toda a gente os via
No meio da rua aos beijinhos
Que felicidade, até parecia
Que iam dobrar os carinhos

As zangas vão repetir
Passar o tempo amuados
Amanhã vão dividir
E vão ficar separados

Aqueles espinhos agrestes
Que o casamento hoje trás
É urticaria que fizeste
Se a tolerares vais ter paz

Se perdoares metade
Para metade seres perdoado
Repara que nunca é tarde
Para recomeçar um noivado

Se tudo bem entenderes
A flor do cato é ratoeira
Tudo irás compreender
E tens amor para a vida inteira.
Mário Pão-Mole

Sem comentários: